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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Defender a vida, antes mesmo de ela existir

Texto de Ronaldo e Tatiana de Melo, Assessores da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)


É interessante notar que, quando se fala em defesa da vida, a primeira questão que normalmente nos vem à mente é, sem dúvida, o aborto. Em segundo lugar, você provavelmente pensaria na eutanásia. Talvez se lembrasse também de formas bem concretas que ameaçam a vida como a drogadição, a violência ou a miséria. Defender a vida em todas estas instâncias, defender, em última análise, a nossa própria espécie humana é tarefa indiscutível, não só para nós, cristãos, mas para qualquer ser humano.

Mas você já parou pra pensar que quem é a favor da vida pra valer é capaz de amá-la e defendê-la antes mesmo dela existir?! Isso nos traz para um ponto fundamental nas nossas reflexões sobre este tema: a contracepção. Muitos casais simplesmente não entendem porque a Igreja insiste em ir “contra a corrente” da sociedade moderna. Acham que não há outra opção. Será? Se você soubesse que existe um meio moralmente legítimo de regular os nascimentos que é promovido pela Igreja, 99% eficaz, com custo zero ou quase zero e que não tem nenhum efeito colateral, você consideraria a possibilidade de conhecer mais sobre o assunto?

O Planejamento Natural da Família (PNF) observa e interpreta os indicadores de fertilidade ou infertilidade que o corpo da mulher dá. Muitos ainda acham que estamos falando da antiga tabelinha, mas não se trata disso. A ciência médica moderna descobriu que sinais como a temperatura, a posição do cérvix ou a produção de muco cervical, usados por si mesmos ou em combinação, ajudam o casal a perceber o período da ovulação. Esse conhecimento permite que o casal decida junto se usará este momento para alcançar a gravidez ou se optará pela abstinência neste período para adiar a gravidez.

A abstinência sexual é algo perfeitamente normal no relacionamento do casal: por causa do cônjuge que precisa fazer uma viagem, por motivo de doença ou cansaço. Seguindo este mesmo princípio, a abstinência no período fértil para os casais que precisam regular o número de filhos pode significar um grande gesto de amor. Ajuda o casal a descobrir que há outras formas de expressar amor que não só através do ato sexual e a banir o egoísmo, que é o maior inimigo do amor.

E é exatamente por causa do egoísmo, do individualismo, da busca pelo prazer acima de tudo que o mundo moderno não entende o propósito do Criador ao criar o sexo. O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus, que é amor, e que programou nossos corpos para expressarem o amor. Por isso, a Igreja ensina que o ato sexual reflete o amor perfeito e a comunhão eterna da Trindade. O Pai é fecundo, nos criou como filhos, por amor. O Filho entregou-nos seu corpo na Cruz para nos trazer vida nova. E lembre-se de que no Credo Niceno-Constantinopolitano professamos nossa fé: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”.

Se o nosso corpo foi criado para falar a linguagem com amor, para refletir a própria Trindade, em cuja imagem fomos criados, onde entra a contracepção? Como os casais podem estar abertos à vida se rejeitam sua fertilidade e se esterilizam voluntariamente por meio de barreiras químicas ou físicas?

Mesmo quem conhece um pouco o assunto pode tentar se esquivar alegando: “Afinal, qual é a diferença entre contracepção e planejamento natural da família se ambos servem para evitar a gravidez?”

Um dos distintivos de quem é realmente católico é aceitar e professar tudo o que a Igreja acredita e professa. Esta é uma opção dramática e decisiva que muda toda uma vida. Este também é o grande distintivo entre o catolicismo e a cultura popular. Enquanto a sociedade diz que a contracepção é a atitude mais responsável a se tomar para o bem das próprias famílias e o futuro da sociedade, a Igreja se levanta como “a voz que clama no deserto”, dizendo que esta é uma atitude sempre errada e altamente destrutiva para as famílias e a sociedade.

Se um casal está determinado a manter-se fiel à doação total de si, sendo o sexo a renovação das promessas assumidas no dia do matrimônio, uma das exigências é a abertura à vida.

A mulher só é fértil alguns dias dentro do mês. É errado que o casal que têm justos motivos para adiar a gravidez mantenha relações sexuais quando a mulher não está em seu período fértil? Claro que não. A ausência da gravidez seria uma expressão da vontade de Deus, e não um resultado da escolha do casal que optou, por sua própria conta, usar meios para se esterilizar.

Este é o princípio do Planejamento Natural da Família. Isso é defender a vida, antes mesmo de ela existir!

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