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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Jornalista: um chamado de Deus!

Cláudia Brito, do Portal da Arquidiocese do Rio
Fotos: Arquivo



A Pastoral da Comunicação (Pascom) ganhou um novo ânimo, a partir da realização do I Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil (SECOBB) e do 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, que aconteceram no mês de julho, no Rio. A comunicação das paróquias virou notícia e o curso de jornalismo é um dos assuntos que entraram na pauta de alguns agentes da Pastoral da Comunicação.

Segundo profissionais da área, fazer ou não o curso de jornalismo não precisa ser uma imposição, mas pode ser uma decisão importante para a formação técnica e intelectual do agente da Pascom e também para que a mensagem seja bem comunicada. É fato que o chamado para participar da comunicação da Igreja, em muitos casos, desperta a vocação para a profissão de jornalista. Foi o que aconteceu com o diretor de jornalismo da Arquidiocese do Rio, Padre Leandro Cury, que teve os primeiros contatos com a Rádio Catedral quando ainda era seminarista.

- Acredito que a possibilidade de evangelizar através dos meios de comunicação mexe com os talentos interiores do agente da Pastoral da Comunicação. Eu fui convidado por um outro colega de seminário para fazer um estágio na Rádio Catedral, na equipe de produção do Programa Vox Populi. E descobri um mundo novo, que é o mundo da comunicação. A partir desse primeiro contato, com toda a equipe da produção do programa, surgiu o desejo de entrar para a faculdade de jornalismo, revelou.

Para o Padre Leandro, a faculdade de jornalismo pode ser também um “chamado” de Deus para alguns agentes da Pascom, que são vocacionadas para exercer a atividade como profissão.

- A pessoa que sente o desejo de fazer o curso de jornalismo pode se tornar um grande comunicador católico. Ser um profissional de comunicação, vivendo a sua fé, é um bom começo para o agente da Pascom, incentivou o Sacerdote.

Um outro exemplo desse chamado é o da jovem Ana Paula Albino, que faz parte da equipe da Pastoral da Comunicação do Vicariato Oeste, e que também teve a vocação despertada pelo convívio com a Pascom e com alguns jornalistas.
- Quando eu fui convidada para fazer parte da Pascom, eu só sabia mexer no facebook e tirar fotos. Mas, como sou muito curiosa e comunicativa, me interessei em participar de palestras, cursos e retiros ligados à área. Fiz muita amizade e, a partir desse contato, comecei a ter o desejo de fazer a faculdade. Além disso, um grande estímulo foi ouvir as homilias e palestras de Dom Orani (Arcebispo do Rio), que sempre me encantou com as suas palavras, partilhou a futura estudante de jornalismo.
O coordenador arquidiocesano da Pascom, Padre Márcio Queiroz, também entende que, através da ação pastoral, os próprios agentes vão descobrindo naturalmente a importância de se especializarem, para aumentar o conhecimento.
- Todas as pastorais e movimentos são formas que Deus encontrou para que o povo pudesse se identificar e contribuir com a propagação do Reino e com o anúncio da Boa Nova. É sempre importante que nós também unamos essa formação técnica a um aprofundamento espiritual, orientou.

“Precisamos anunciar Jesus com qualidade"
O jornalista e diretor da Rádio Canção Nova em Brasília, Ronaldo da Silva, da Comunidade Canção Nova, acredita na importância da especialização não somente em relação ao curso de jornalismo. Para ele, toda e qualquer formação técnica que esteja à disposição das pessoas que já atuam na evangelização é mais do que necessária. Ele também lembra que anunciar o Evangelho é uma grande responsabilidade e defende que a preparação é essencial.


- Nós não podemos fazer mal feito aquilo que hoje é um desafio para nós: anunciar Jesus. A gente sabe que o jornalismo é uma arte. Precisa-se de aptidão, mas também de preparo. É verdade que muitas pessoas conseguem desenvolver a arte da comunicação sem ter feito um curso, mas nem todo mundo nasceu para ser gênio. Os gênios existem, mas são raros. Então, existem muito mais aqueles que se dedicam ao estudo, ao aprendizado e ao aperfeiçoamento, afirmou Ronaldo da Silva.

O jornalista Marcelo Canellas, da Rede Globo, também considera importante a formação acadêmica.

- Eu acredito que nada substitui a faculdade de jornalismo, por entender que o jornalismo é uma forma social de conhecimento e que existe uma complexidade na sua dinâmica, que precisa ser estudada na universidade. Além disso, é preciso debater também a qualidade das faculdades existentes, em relação à capacitação e atualização dos professores. Porque jornalismo não pode ser aprendido pela leitura de um manual, alertou.


“Alguns dos maiores jornalistas do Brasil não tem diploma”

- É sempre importante ter mais informação e cultura, mas não é fundamental fazer a faculdade. Cada caso é um caso, alguns agentes da pastoral da comunicação, que já exercem essa missão, terão uma enorme dificuldade em fazer o curso. Então, não ter essa graduação não pode ser uma frustração. Ninguém precisa se sentir culpado, porque alguns dos maiores jornalistas do Brasil são da época em que esse diploma não existia, lembrou o jornalista André Trigueiro, professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e jornalista da Globo News.

O coordenador da Pascom da 4ª Forania e da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no Méier, Alfredo Miranda, reforçou que um bom comunicador precisa essencialmente de talento.

- A grande maioria das pessoas considera o curso de jornalismo fundamental, e, de fato, é. Mas é preciso lembrar também que o jornalista “nato” não é aquele que faz o curso, mas sim aquele que tem o "dom" do jornalismo. É aquele que sabe buscar a notícia, que sabe mostrar a realidade para as pessoas. Eu tenho como base para falar isso o exemplo do grande jornalista Carlos Lacerda, que também chegou a ser governador do antigo Estado da Guanabara. Certo dia, quando foi perguntado sobre o seu diploma de jornalista, ele respondeu: “O único diploma que eu tenho é o de 1ª comunhão”, afirmou Alfredo, que começou a exercer a profissão de jornalista antes da criação da faculdade de comunicação social.

Arquidiocese e Puc Rio pretendem oferecer formação permanente para a Pascom


- Quem pratica a comunicação na Igreja precisa estar atualizado permanentemente. Não só no jornalismo, mas também na teologia e na sociologia, em todos os aspectos da ciência e do conhecimento. Nós vamos buscar oferecer para a Arquidiocese outros cursos que aprofundem os que já foram feitos, afirmou o professor Miguel Pereira, coordenador da Pós-graduação do curso de Comunicação Social da PUC Rio.

Segundo o Padre Omar Raposo, coordenador-geral do 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, a formação técnica é fundamental para desenvolver os talentos e as potencialidades do comunicador.

- A contribuição da Pontifícia Universidade Católica é fundamental para que a Pastoral da Comunicação possa se desenvolver. Essa parceria é um compartilhar de experiências e de conteúdo e, ao mesmo tempo, gera uma integração ainda maior entre a realidade acadêmica e a pastoral. Sem dúvida nenhuma, a partir dessa integração, a Pascom terá uma realidade menos amadora e mais profissional, disse o Sacerdote.

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